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Rumo certo?

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".
Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.
As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...
Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.
Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.
Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.
Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...!
Este texto é do Pedro Bial, queria que fosse meu. É tudo que sinto e penso hoje. É a minha escolha.

Meu Mantra

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa... amo!!

Posso ser EU mesma

Posso ser homem, mulher, branco, negro, mulato, mameluco ou japonês. Posso gostar de carne, de espetinho de gato, do hamburger da esquina ou de pizza fria. Posso ser vegetariana, atleta, controlada, obcecada. Posso ser uma doida varrida, às vezes, enclausurada na minha própria casinha-casulo, minúscula, um pouco limpa, um pouco suja, mas muito minha e apenas minha.
Assim como posso ser falante, andante, viajante, multifacetada, antenada, de cara lavada, de chinelo de dedo, sem relógio, sem tempo, sem rotina, sem agenda, sem patrão, sem sermão, sem saber se o pão de amanhã estará na mesa. Que mesa? Não há mesa, nem toalha xadrez, nem cadeira de vime, nem margarina, nem manteiga, muito menos doutrina que me diga se estou certa ou não.
E assim posso ouvir as conversas dos outros, falando de mim, que sou chata, indiferente, mas também boa gente, que não me misturo, mas não falo das pessoas, não crio fofoca, não dou palpite, não me meto na vida de ninguém. Porém, conheço todo mundo, desde a pequena menina até a velha tia, todos os bares da cidade, todos os garçons, os andarilhos, os flanelinhas e as putas da esquina e, também, as de boa família. Conheço o gerente do banco, o dono do supermercado, o político ascendente e a famosa loira um tanto decadente, mas que ainda faz o maior sucesso na roda dos moços e nos ti-ti-tis dos salões de beleza. E trato todo mundo igual, com calma, com educação, sem ofender ninguém e sem dar margem para invasão. Invasão de espaço, de idéias, de modismos, invasão de gente, por todo o lado, como um mundo saturado, poluído, diluído, sem emoção porque tudo virou banal, virou demasiado, virou publicado em jornal, em revista, na internet, no blog, no panfleto da rua ou na porta do banheiro público, cheio de histórias, de nomes, de palavrões, de números de telefones e do desabafo sem nexo ou tão complexo que oportunamente aparece anexo ao novo rumo que a vida toma, a qualquer tempo, em qualquer espaço. Espaço com abertura para a fuga.
Fugir é a decisão. É o rumo e não a contramão. Fugir da própria vida, do eu interior, do sofá do psicólogo, do mestre de disciplina, da fila, da semana vazia. Fugir do aeroporto, escapar da viagem ou do encontro marcado. Fugir de mais um dia, dos ponteiros do relógio, do tempo escasso, do horário congestionado e do dia a dia controlado. Fugir da consulta médica, da aula de inglês, da secretária, da reunião com o chefe, do pilates, do café com a família, do vigia. Fugir para qualquer lugar, apenas para se encontrar e começar um novo dia.
Fazer tudo de novo, tudo igual, tudo banal, apenas carnal, sem emoção, sem intenção, sem vontade ou intensidade. Que graça tem? Eu sou diferente, não quero rotina, quero sair de um jeito a cada dia. Posso ser magra, gorda, básica, perua, tímida, expansiva, mas nunca vazia. Quero ser louca, sexy, arrogante, mas também quero ser boa menina, obediente, sorridente, travessa, assanhada. Também quero uma agenda lotada. Posso ser oito, posso ser oitenta, posso ser o que bem quiser, porque sou diferente, e ninguém tem nada a ver com isso, apenas tento ser coerente com os meus pensamentos, com a minha vida, com meu jeito único de ser, afinal, sou um ser singular e ponto final.

London again

Aug. 21 arrived back in London now ... do not know how long I'll stay, but I know that I will take away new experiences Edar myself some great chances to learn to be happy ... just wait!

Aconchego

Perplexa, digo-te que em mil pedaços. E confortavelmente sentadas, pegámos em cada uma das pecinhas coloridas e brilhantes e com elas tecemos um maravilhoso manto. E sob ele nos aconchegámos. Cheias de amor.

Ando cansada

Pessoas me perguntam porque eu ando tão quieta... pq eu não saio e quando saio pareço um poste sem vida, pq eu passo mais da metade do meu tempo  no meu computador, pq eu ando sem paciência. A resposta é simples, eu estou cansada. Não é apenas cansaço físico, é mental.

Picture yourself.... somewhere

Uma certa madrugada me fizeram uma pergunta e eu não soube responder, ou melhor, não soube verbalizar a resposta que eu tinha pra aquela pergunta.
"Onde você se imagina daqui a cinco anos?"
O que eu respondi? O óbvio, uma resposta evasiva e vazia, típica de quem bao se importa demais com a opinião alheia.
"Cinco anos é muito tempo, imagino que até lá eu tenha conseguido ser feliz. Com um salário que baste pra eu ter minha própria casa, sei lá"
O que eu realmente estava imaginando? O que eu sempre imaginei pro meu futuro? A única coisa que qualquer mulher imaginaria.
"Me imagino acordando de manhã, o sol entrando pela frestinha da janela, junto com uma brisa que não me deixa morrer de calor, meus olhos ainda estão fechados e eu estico a mão pra me espreguiçar, suspiro. Meu braço encontra um obstáculo ao meu lado na cama, me viro ainda de olhos fechados e pouso a mão sobre suas costas, passo a ponta dos dedos pela sua coluna, abro os olhos só pra me deliciar com a sua imagem acordando com aquele sorriso que me derrete, dizendo "bom dia". O despertador toca.  Pouso a cabeça no seu ombro pra aproveitar o fim do momento que eu queria pausar, mas não preciso. Levanto e vou pro banho, você vem comigo. Temos que nos levantar quase duas horas antes de sair de casa, porque se a gente não ajuda a acabar com os recursos do planeta no banho, não somos nós."
Mas claro que a resposta óbvia cabia muito mais na ocasião. Ninguém em sã consciência admite que daqui a cinco anos, uma manhã de sol basta.  Porque quando a gente acorda exalando toda felicidade do mundo não há como não fazer tudo, sem exceção, com prazer, só pra ter o gostinho de outra manhã brilhante. Pessoas felizes são mais bem sucedidas porque a amargura não os atingiu, e o mau humor não consumiu os dias e não lhes trouxe rugas de preocupação sobre o futuro porque vivem um dia de cada vez pra aproveitar as manhãs de sol e distribuir ao mundo a alegria que tem de viver, ser feliz a cada dia, um dia de cada vez.

Pequeno Grande SONHO

Eu queria uma casa assim
cheia de mato ao redor
uma varanda e uma rede preu deitar com meu amor
de la ver estrelas e o luar
queria ouvir bichos de todo tipo
passaros. bois. vacas. carneiros. galinhas e patos

Eu queria um lago azul em frente de casa
preu tomar banho e pescar
um cesto e um anzol bem bonito
deitar na beirinha e ver um bocado de  peixe saltar

Eu queria ela bem arrumadinha
com cortinas coloridas, colchas de retalhos e metalassê
preu poder sorrir de felicidade ao olhar
Uma mesa bem grande na cozinha ou na sala de jantar
tomar café todo mundo junto e prosear ate perder o assunto

Eu só queria morar com minha Família longe do povo e perto de Deus...

Pity

Receita da minha terra

A arte de ser feliz

Cecília Meireles


Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
-O que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão."


Clarice Lispector
As pessoas brigam por dinheiro, por opinião, por coisas insignicantes e idiotas e esquecem que são Família...nem sabem o que isso significa...e ainda se juntam nas datas festivas pra comemorar o quê?
Hipocresia tem limite...

Minha mae...

Como é triste ver vc assim tao dependente feito uma criança aprendendo tudo de novo...
Se essas pessoas soubessem que tudo que precisas agora...é so amor!
Como é triste nao ouvir mais as tuas broncas, teus conselhos, tuas histórias...
Como é triste ver teu olhar de inocencia querendo ver qualquer gesto engraçado pra sorrir...
Como é triste não te ver mais abrindo o portão de tua casa para eu entrar...
Como é triste não ter vc na cozinha fazendo aquele bife gostoso, aquele doce de leite e me dando a panela pra eu lamber...
Como é triste  não te ouvir reclamar dos meus passos arrastados iguais os do meu pai...
Como é triste não poder mais olhar as fotos do passado juntas e ouvir vc contar cada passagem com tanta convicção...
Como é triste não escutar vc me perguntando se eu estou precisando de alguma coisa...seja ela qual fosse vc sempre estava lá...
Triste mesmo é não poder te ajudar a voltar a ser como antes...cheia de vida, responsavel pela casa e não deixando ninguem se meter na maneira como arrumava as coisas...as suas coisas, que tinha tanto apreço e resmungava comigo quando eu mexia...
Queria tua voz firme de novo
Teus passos seguros
Teu olhar brilhante
Tuas mãos habilidosas
Tua vida de volta...
Eu te amo mãe...mesmo sabendo que em cinco segundos tu esqueces quando te digo isso...
Pity
Tu es a minha vida...principa do meu palacio!
Fui ate o quarto e pus aquele vestido vermelho que voce gosta
pus batom e um cd pra gente dancar
Na sala voce ja tinha colocado o vinho, cortado o queijo e dado um jeito na luz
Me pegou assim de um jeito, me colou em seu peito e sem me dar nenhum tempo
dancou com suas maos em meu corpo, descobriu meus seios e bebeu vinho aos goles, alisou minhas coxas, me beijou com gosto de porto, e assim fomos caindo mansinho no tapete da sala nua
O cd continuou a tocar e nos a dancar, suas coxas em minhas coxas num vai e vem, num bolero de arrepiar
Quando a musica acabou, entre vinhos e gotas de amor
Saimos com os corpos nus pela varanda de casa, olhamos a rua, os carros, as pessoas e a lua
Sorrimos e voltamos pra nossa sala...nua...

Pity
Obrigada

Pelos teus gestos sempre desajeitados
pelos teus cabelos emaranhados
pelos nossos sonhos, quase sempre realizados....
Obrigada!!
Pelas horas em frente a TV
pelos filmes, o guarana e a pipoca
pelos sorvetes derretidos na cama...
Obrigada!!
Pelos carinhos em dias de frio
de calor, de sol, de chuva....
Por me abraçar o tempo todo
por me poupar quase o tempo todo (das coisas ruins)
por me acompanhar até o portão
por me buscar no trabalho
por me ligar só pra dizer "te amo"
por me beliscar pra ver se to acordada
por me dizer meias verdades
por cantar para mim
por ser uma pessoa meia sincera (para que eu nao me machuque)
Por estar comigo quando alguém se vai
por estar também quando alguém chega
por rir, da luz queimada, do meu umbigo, das minhas palavras inventadas
por tentar consertar as coisas quebradas aqui de casa
por querer sempre tocar em meus machucados pra sarar (risos)
por me deixar dormir em seu colo
por dormir no meu colo
por esquecer suas blusas de frio quando a gente vai viajar
por me perdoar
por estar comigo quando ganho
por estar comigo quando perco
quando choro desesperada
por pegar em minha mão quando eu estou com medo
por dividir pizza e deixar que eu coma o maior pedaco
dividir a vida...
por sorrir o tempo todo,
por escrever cartas
por ter paciência de ler as minhas
por ser sempre você
e por lutar todos os dias so pra me fazer bem....me fazer feliz...
Por toda essa "vidinha” que vivemos..... AMO VOCÊ!!

Pity
Eu sou assim

Duas mulheres dentro de mim…
Às vezes três
Quatro... cinco... seis...
Talvez seja uma por mês.
Diversifico-me
Existe momentos em que dou um grito
Existe outros em que vivo um conflito
Apresento ao mundo a minha dor
Em outros momentos, só consigo falar de amor
A mais romântica
Melodramática
Imóvel
Chorosa ou nervosa
Carente ou decadente
Vingativa ou inconsequente
É nestes momentos em que eu não me apercebo
E transformo-me numa mulher cheia de medo
Cheia de reservas
Coberta de subtilezas
Séria e sem defesas
No minuto seguinte
No papel de mulher fatal
Transformo-me logo na tal
E nesses momentos sou a dona do mundo
Segura e destemida
Presunçosa e atrevida.
Rasgo todos os meus segredos ao meio
E exponho-me num letreiro
De poesia ou texto
Assalto, incendeio...
Conto o que ninguém tem coragem de contar
Explico detalhes que nem é bom me lembrar
Sou assim
Várias de mim
Sorrisos por fora
Angústias a toda hora
Por dentro um tormento
No rosto nem um único sofrimento
No corpo uma explosão de prazer
Nos olhos, deixo o meu desejo se perceber
O melhor é ninguém me conhecer
Fiquem apenas com as minhas letras
Com as minhas palavras
Na vida real sou muito mais complicada
Sou uma em mil
E quem tentou, descobriu
Que viver ao meu lado
É viver dentro de um campo minado
Que vai explodir em qualquer momento
Mas quem esteve nele
Nunca mais quis fugir
E ainda hoje se cá encontra.
Sempre quis um amor

que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menina e senhora
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
de femea
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulta
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
a constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.

e  eu encontrei
Texto para uma separação



Olhe aqui, olhos de azeviche
Vamos acertar as contas
porque é no dia de hoje
que cê vai embora daqui...
Mas antes, por obséquio:
Quer me devolver o equilíbrio?
Quer me dizer por que cê sumiu?
Quer me devolver o sono meu doril?
Quer se tocar e botar meu marcapasso pra consertar?
Quer me deixar na minha?
Quer tirar a mão de dentro da minha calcinha?
Olhe aqui, olhos de azeviche:
Quer parar de torcer pro meu fim
dentro do meu próprio estádio?
Quer parar de saxdoer no meu próprio rádio?
Vem cá, não vai sair assim...
Antes, quer ter a delicadeza de colar meu espelho?
Assim: agora fica de joelhos
e comece a cuspir todos os meus beijos.
Isso. Agora recolhe!
Engole a farta coreografia destas línguas
Varre com a língua esses anseios
Não haverá mais filho
pulsações e instintos animais.
Hoje eu me suicido ingerindo
sete caixas de anticoncepcionais.
Trata-se de um despejo
Dedetize essa chateação que a gente chamou de desejo.
Pronto: última revista
Leve também essa bobagem
que você chamou
de amor à primeira vista.
Olhos de azeviche, vem cá:
Apague esse gosto de pescoço da minha boca!
E leve esses presentes que você me deu:
essa cara de pau, essa textura de verniz.
Tire também esse sentimento de penetração
esse modo com que você me quis
esses ensaios de idas e voltas
essa esfregação
esse bob wilson erotizado
que a gente chamou de tesão.
Pronto. Olhos de azeviche, pode partir!
Estou calma. Quero ficar sozinha
eu co'a minha alma. Agora pode ir.
Gente! Cadê minha alma que estava aqui?






I N T I M I D A D E

O que será a Intimidade, se não o "conseguir fazer chichi com a outra pessoa ao lado"?
Manual do ressacado


por TõeRoberto

Ontem bebi pra cacete pra ficar de ressaca hoje e escrever este manual. Só pra ser o mais realista possível. Isto é o que pode ser chamado de Arte Visceral.
A tela do monitor tá cheia de luzes piscando. Não sei se eu que tô piscando luzes ou se é monitor que tá luzindo piscados.
Mas vamos lá:
Sintomas clássicos da ressaca , os que eu estou sentindo agora:
“Ai, gira/girou…” Tonteira. Leseira. Falta de chão. Vista turva. Zumbidos nos ouvidos. Problemas com luzes, sol, sons, broncas e sermões. Sensibilidade a cheiros (principalmente frituras). A cabeça dói pra cacete (um trem de carga passa dentro dela a cada 10 segundos). Um troço vivo dentro do estômago passeia pra cima e pra baixo, querendo sair. Uma dorzinha de barriga chata. A cama não para no lugar. Roda, roda, roda, quer sair pela janela. Uma sede interminável. Um gosto de não sei o quê na boca. Uma vontade danada de ficar encolhidinho num canto. Tristeza. Sofrimento. Depressão. Desespero. O dia que não passa. Vontade de morrer. Uma forte vontade de me matar, de sumir… uma saudade danada da mãe.
Ah! e nunca se esqueça: cu de bêbado não tem dono. O que não é o meu caso, é claro!
Com uma hora de ressaca aprendi:
A ressaca nos faz melhores, humildes, quietos, promesseiros, carentes… e crianças novamente. Já chamei a minha mãe umas 10 vezes. Só que ela mora a 3000 kms de distância. Chame a minha mãe, pelo amor de Deus!: eu quero deitar no colo dela e ficar bem quietinho.
Se acordar de ressaca nunca acenda a luz. Ressaca e luz não combinam. Sol, então, nem falar. Ressaca é bom em dia de chuva bem frio: quarto escuro, embaixo das cobertas – quietinho – caldinho de batata bem quente e, de vez em quando, um suquinho de laranja. Ah! não se esqueça do Engov. Você já tomou o antes, o durante, agora é a hora de você tomar o depois. Toma logo uns 03 pra ver se o trem para de passar dentro da cabeça.
Voz: ai! Som: ai! Luz: ai! Bronca do amorzinho: ai!
Não se trabalha em dia de ressaca: a possibilidade de você fazer merda e ser demitido é muito grande. Também não se procura emprego em dia de ressaca: vai que você arruma.
Escovar os dentes muitas vezes para tirar aquele gosto, qual é mesmo? Cada um tem o seu: corrimão de repartição pública, coturno de soldado, cabo de guarda-chuva, cédula de 01 real, apoio do metrô, roleta de ônibus, taco de bilhar, botão de elevador, cordão de descarga de vaso sanitário, puta que pariu de táxi… merda mesmo!
Jamais passar perto de um pedaço de bacon cru, igual aquele que você comeu ontem. Quanto foi? 300 gramas?
Ah! e aquele caldão de mocotó que você tomou para encerrar a noite. Procure apagá-lo de sua memória. Proíba-se de pensar nele senão vai dar merda.
Tô falando você, mas foi tudo o que eu fiz ontem.
E vou te dizer: eu tenho um tio que já tentou se matar umas 10 vezes por conta de ressaca. Quando ele amanhece no estado, a família corre e esconde facas, cordas, armas senão ele faz merda.
Também tive uma namorada que toda vez que ficava de ressaca pedia pra eu acabar com o sofrimento dela: tipo matar mesmo.
Outra coisa: tenha muita calma porque o dia do ressacado é longo e cheio de sofrimentos. Tv, cama, banheiro, janela, tv, cama, banheiro, janela. A gente não sabe o que quer. Tá tudo ruim… e bota ruim nisto!
Nunca marque compromisso nenhum em dia de ressaca. Jamais! Nem para encontrar a Sharon Stone… ou o Brad Pitt!
Nunca deixe contas pra pagar em dia de ressaca, senão você vai pagar juros, porque as filas do Bradesco e ressaca não combinam.
Muito importante: fique bem encolhidinho na hora do sermão do amorzinho. Aumente o seu sofrer. Ela vai falar, falar, falar pra cacete, mas depois ela vai ficar com dó e vai na cozinha fazer um caldinho de batata quente para você. Amorzinho de ressacado tem um coração do tamanho do mundo.
Prometa umas 50 vezes durante o dia que você nunca mais vai botar cerveja na boca. Prometa que você vai virar crente. Que vai virar pastor da Universal. Prometa que você vai virar corintiano.
Procure dormir durante o dia para se esconder do sofrimento.
À tarde, quando levantar, tome um banhozinho bem quentinho, se vista e vá até a cozinha. O amorzinho já preparou um ranguinho mais reforçado pra você. Sente-se, coma feito um cavalo, tome um cafezinho bem quentinho, sente na frente da tv e comece a esquecer sofrimentos, promessas… e a vergonha!
Vá até a cozinha, abra a geladeira, pegue aquela Brahma que escapou de você ontem por milagre, abra, corte um pedação daquele bacon cru e comece tudo de novo.
Rapaz, você é um sujeito muito sem-vergonha!
Já que começou de novo, não se esqueça do Engov: 01 antes…
Benhê, cadê o meu caldinho de batata?
"Todo amor é eterno. Se não é eterno, não era amor." Nelson Rodrigues




Amor siames
No início, pensei que ela só queria um pouco mais de carinho...
Um pouco mais de atenção todos os dias.
Mas depois era andar de mãos dadas na rua, abraçados em casa, agarrados como siameses na cama.

E de repente eu só podia falar com ela, comer com ela, respirar com ela.
Os dias se repetiram...
E repetiram...
E eu fui me fundindo a ela, me incorporando a ela.
Agora, não sonho mais sozinho; sonhamos em conjunto o sonho autorizado por ela.
Não vivo mais sozinho; vivo a vida determinada por ela.
Estou perdendo os movimentos, ficando cego, surdo e mudo... e não sei mais o meu nome.
E não sei mais se eu sou eu ou ela...
Ou se existo!

Toe Roberto
Coração de pedra


Eu disse: não!!!!!
Não deu tempo, ela pulou de cabeça.
Caiu de mau jeito bem no canto esquerdo do meu coração.
Arranhou o orgulho, quebrou o encanto... começou a chorar.
E eu senti as lágrimas correrem dentro de mim.
E não pude fazer nada.
Isso é pra ela aprender a não se meter com a minha insolência.
E parar de procurar diamantes no meu coração de pedra.

Toe Roberto
"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava.

Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."
(Clarice Lispector)

Nossos

A cama deles ali, e ele deitado como quem não quer nada, como quem nada pensa, sereno, meio de lado, peito aberto pra lua e sonhos encaminhados pra alguma outra pessoa bem mais leve do que ela conseguia ser. Ele ali, deitado na cama deles, abraçado com seus travesseiros, olhos entre abertos e poucas preocupações.
Do outro lado estava ela. Rosto virado pra parede, ombros tensos, olhos marejados por não saber mais se tudo aquilo que ela tem mania de chamar pelo possessivo de dois, realmente ainda lhe pertencia. Ficava pensando se era assim mesmo, depois de muitos anos, que os casais se separavam naturalmente. Sem brigas, sem escândalos, sem outras pessoas e sem problemas fáceis de estipular um motivo, um limite, um porquê. A cama perfeita, o lençol esticadinho, ele tinha o espaço certo de se mexer com folga e ela já tinha se acostumado a dormir toda encolhida na vontade de suprir o abraço, a conchinha ou o chamego que há tanto tempo não vinham.
Em poucos segundos ele adormecia e seu sono, junto com seus sonhos, iam para sempre mais longe, alavancados por cada um dos suspiros longos que ele suspirava ao dormir. Ela, muitos e muitos minutos depois, permanecia acordada, remoendo na sua cabeça todas as coisas que ela pudesse ter feito errado, matutando a noite toda se a culpa era dela.
E os dias eram tão ocupados, ela nos compromissos dela, ele nos afazeres dele, que ficava ainda mais difícil de entender o quê ainda segurava os dois juntos todas as noites, ali naquela mesma cama tão quieta e tão barulhenta. Se ela conseguisse emudecer seus pensamentos por um segundo, igual faz o controle da TV, seria realmente o quarto mais pacífico do mundo, nenhum barulho, nenhuma voz, nenhum sussurro, nenhum gemido, nenhuma jura de amor, nenhuma briga, nenhum nada. Sua cabeça a mil por hora, barulhenta e seu quarto calmo, cheio de nada.
Levantou da manha num impulso de gato, tão milimetricamente calculado que não esbarrou em nada, nem no silêncio. Vestia regatas, calcinha e meias. Vestiu calça jeans, casaco e botas. E foi embora.
Na manhã seguinte, depois de ter andado por horas sem saber exatamente pra onde estava indo, começou a sentir o ar entrando em seus pulmões, a cabeça ficando mais leve, sem tantas idéias de culpa que por tanto tempo ela tinha acreditado que devessem ser dela. Na manhã seguinte, ele acordou com frio. Olhou pro lado e sua cama de lençol perfeitamente esticado estava fria. Olhou dentro do armário e percebeu que todas as coisas dela ficaram lá não porque ela pretendia voltar, mas sim pra mostrar pra ele que não são as roupas, os livros ou os corpos de alguém que fazem aquela pessoa presente. Ela já não estava lá há tanto tempo.
Andou pela casa por vinte minutos. De um lado ao outro, meio atordoado. Sua cabeça começou a maquinar tantos pensamentos confusos, começaram a surgir, então, as dúvidas, as indagações, as sensações de culpa. Percebeu que estava sem ar.
Duas horas no pronto socorro depois, voltou pra casa e decidiu que não mudaria nada de lugar, porque embora ela tivesse ido embora na madrugada, como gato, sua cabeça poderia esfriar e ela voltaria, ela tinha que voltar. Mas o que ele esqueceu de pensar é que quem a mandou embora foi ele mesmo. Sua cabeça barulhenta não a deixava mais trabalhar, pensar, sorrir ou dormir. E agora, andando sozinha o vento batia em seus cabelos e sua alma estava quieta. Ela não tinha medo do frio ou da falta de abraço porque percebeu que quando se está sozinha, se algum abraço vier vai ser surpresa boa. Ela gostou da idéia de não ir dormir ao lado de certezas ruins todas as noites.
E o apartamento deles continuava sendo deles tanto no contrato, quanto na decoração e também dentro de cada armário e caixinha, onde ela deixou tudo aquilo que um dia foi dela mas que ela percebeu não precisar mais; percebeu que era nada mais que puro apego. O apartamento, a cama, os lençóis e os travesseiros deles, nossos, como sugere o pronome possessivo de dois e ele esperando que um dia ela voltasse.
O que ele não entendeu, no final, é que pra ser nós há de se ser um, dois em um, e o egoísmo dele fez com que ela percebesse que valia mais a pena ser feliz sendo só. A prisão que ele vive hoje em dia foi responsável pela libertação que ela vive agora.
E infelizmente, depois de tantos anos se sentindo culpada por tudo o que ela não fez, nesse exato momento culpa era a última coisa que ela sentia. Ele está preso, mas ela está viva. Sem culpa.
Rani Ghazzaoui
Quantos medos cabem dentro do coração de uma pessoa só? E dentro da cabeça? Quantas paranóias um indivíduo consegue, completamente sozinho, criar e cultivar tão fielmente que acaba por virar prisioneiro das suas próprias invenções, creditando a elas verdades que não existem?
Toda mulher tem um pouco de psicopata, tem um pouco de louca. Toda mulher acha que seus problemas são cíclicos e passa noites em claro tentando achar em traumas do passado a resposta pra pergunta que ela passa dias inteiros repetindo sem resposta nenhuma chegar à galope. Respostas para perguntas criadas por você mesma, que resolveriam aquele problema sério que você mesma inventou, nunca vêm porque não existe ninguém no mundo além de você mesma que seria capaz de inventar tais respostas. A equação e a solução em você, mas você sempre muito complicada pra descomplicar. Você equação do segundo grau, com cálculo de logaritmo e sem calculadora nenhuma ao alcance. Nem você se alcança de tanto que corre por aí procurando resposta pra tudo quanto é coisa.
Todas as mulheres que moram dentro de mim – e delas eu posso dizer –, nas nuances das minhas trocas de humor e na rápida transição de estilo nas minhas trocas de roupa, têm em comum a coisa mais incomum do mundo: a minha loucura exata. Exata porque enquanto enlouqueço é como se houvesse fora de mim outro eu, que de lírico não tem nada já que passa todos os minutos (ou horas) da minha psicose analisando tudo racionalmente enquanto dentro pode ser raiva fervendo, sangue borbulhando, pulmões cheios, amor brotando, cabeça confusa, coração hiperventilando.
Você diz que é falta do que fazer ou que é muito tempo para pensar. E eu acho engraçado você fingir que a razão é simples assim simplesmente porque você não é capaz de entender; impossível julgar o que não se entende. Acontece que não é exatamente o que eu faço no meu dia que determina quando eu vou deixar de ser eu pra me tornar uma delas, não é porque você merece que eu morra de ciúme que eu respiro rápido todo o ar ao seu redor no minuto em que você chega só pra farejar em que ares andou você, não é porque eu acho que você se compara a tudo o que já passou que acabo te dando o mesmo tratamento de quem só merece ser destratado por mim. Se fosse simples, e se eu soubesse explicar o porquê de tantos detalhes, eu pegaria a sua mão e enrolaria ela em volta da minha cintura pra sempre porque as neuroses todas saem de uma porta que existe no meu teto e todas elas têm a ver com a minha neurose máxima, que é perder você pra sempre.
E aquele dia que eu acordei chorando porque sonhei com o que eu nem queria dizer, eu chorei porque entendi que não eram as outras pessoas que nos ameaçavam, não eram os seus sentimentos que poderiam mudar do dia pra noite e me deixar de supetão, não eram as outras mulheres, os outros homens ou qualquer uma das outras todas possíveis razões. Aquele dia eu chorei soluçando profundo e te abracei tão forte que quase te prendi o ar porque eu percebi que não são as outras coisas, as outras pessoas e nem nada que esteja nesse mundo concretizado. Chorei mais porque as frases se repetem, os parágrafos aumentam e o texto fica a cada minuto mais longo sem eu conseguir admitir pro espelho que não posso apontar dedos de culpa pra ninguém fora do meu próprio espelho. E afinal, me diga, quem é capaz de me salvar de mim?
Não sei quantos medos ou quantas pessoas diferentes vivem ou cabem dentro de mim. Não sei porque eles teimam em ficar mesmo quando eu penso que está tudo resolvido e não sei porque vão embora quando eu acho que está faltando inspiração na minha poesia e um bocadinho de loucura não me faria mal. Não sei se um dia você e todas as outras pessoas vão cansar de todas as mentiras que eu repito de jeitos diferentes há tantos anos pra não perder o meu quinhão de atenção. Não sei explicar essa minha necessidade de tanto me explicar pros outros, que é pra ver se um dia eu me aceito e aceito que por mais que eu sonhe em ser perfeita as minhas imperfeições são exatamente o que fazem de mim uma pessoa que não tem iguais. E o mais engraçado da minha paranóia é que meu maior pavor é justamente esse, de acabar um dia sentada no alto das minhas análises e dos meus medos exatos, vendo de lá de cima da minha crise esculpida à mão você indo embora com alguém absolutamente comum e descomplicadamente normal.
Não são as outras pessoas, não é o que elas possivelmente têm e eu não, não é questão de beleza, não faz relação com o amor que eu sinto, não é uma ofensa à minha inteligência, não diz respeito à minha auto-estima, não é você, não é o que você me diz e nem o que eu ouço. Às vezes a gente não quer encarar a solução de frente, e aceitar que a melhor solução pra um relacionamento disfuncional é terminar tudo pelo bem de todos.
A resposta pra minha crise eterna (e interna) não vai sair de nada, de ninguém, nem de nenhum lugar e vou ser obrigada a usar o clichê de todos os finais e dar um pé na minha própria bunda confusa, lírica e existencialista, para aprender que pensar demais não é defeito, mas pensar demais no que não existe – e logo, não tem solução – é burrice:
– O problema não é você, sou eu. Vê se trata de ser feliz.
Rani Ghazzaoui
Eu preciso saber


A recaída de amor acontece como num daqueles pesadelos que se está caindo. De repente você acorda sentada na cama: Meu Deus, eu preciso saber! Mas se eu já estava tão bem há semanas. Volte a dormir, volte a dormir. Você já tinha decidido lembra? Nada a ver com você, chato, bobo, não deu certo. Mas eu preciso saber. Não, não precisa. Pra quê? Vai te machucar. Não! Eu preciso saber. Então levanto da cama.
Facebook, a desgraça em formato de parquinho virtual. Nome dele, aparece a foto azulada e ele de perfil. É tão bonito. Mas não há mais nada que eu possa ver. Nos deletamos mutuamente pra evitar justamente esse tipo de inspecão noturna.
Mas isso não vai ficar assim. Ligo pra nossa amiga em comum. Ela não atende, afinal, são duas da manhã. Mando mensagem "me manda sua senha do Facebook agora ou vou ficar te ligando até amanhã cedo". Ela manda a senha e um palavrão. Acesso. Vamos ver. Eu preciso saber. Eu preciso. Então vejo que ele não posta nada há cinco semanas. Fotos, fotos. A única foto nova é o flyer de uma festa que eu fui e ele não estava. Nada.
Jogo o nome dele no Google. Aparece uma foto dele alcoolizado dando entrevista em uma festa de mídia. Como é lindo. Tento o Twitter mas ele só escreve piada de político. Tento o Facebook, Twitter e blogs de amigos. Está ficando tarde. Se eu tivesse essa mesma concentração e minuciosidade e empenho e energia para o trabalho estaria rica. Estou retesadamente motivada e atenta. Mas não consegui nenhuma informação e eu ainda preciso saber.
São seis da manhã. Estou cansada. Coloco a música de quando você forçou a porta do quarto e entrou. Black Swan. Não sou boa de inglês como você, mas sei que é a história de algo que já começou fodido porque cresceu demais antes da hora, você que pegue um trem e suma daqui. Que bela música pra começar. Ok, agora estou chorando. Lembrei que eu me sentia tão viva com você me olhando bem sério e bem no fundo dos olhos e machucando meu braço. Sim, é definitivamente uma recaída e eu acabo de decidir que te amo mais que tudo no universo e que amanhã, ou hoje, porque já são sete e meia da manhã, vou resolver isso. Agora preciso dormir só um pouquinho.
Volto pra cama. Coração disparado. Não tem posição na cama. O que eu faço? Não tô a fim de ler, não tô a fim de ver TV. Aquelas outras coisas que se faz pra acalmar tô com preguiça agora, minha imaginação está indo toda para traçar um plano para que eu descubra. Descubra o quê? Não sei, mas sei que algo está acontecendo, ou eu não estaria assim. Porque eu sinto quando ele está com alguém, sabe? Eu sinto. Sim! A cartomante!
Ligo pra Zuleide. Você atende hoje? Mas é domingo, Tati! Atende? Só se for por telefone. Tá bom, então joga aí: ele está com alguém? Mas Tati, você quer mesmo saber isso? Quero, mulher. Eu preciso saber. Joga aí: ele está com alguma puta? Tati, eu não posso perguntar isso pras cartas. Pergunta aí: ele tá com alguma piranhuda desgraçada vagabunda vaca dos infernos? Zuleide pede desculpas e desliga. Preciso do Lexapro mas ele acabou há semanas, igual meu amor. E agora, de repente, preciso tanto dos dois novamente.
Você acha que ele está com alguém? Não sei,  eu ainda tô dormindo, posso te ligar mais tarde? Você acha que ele está com alguém? E se estiver, quer ir ao cinema mais tarde? Você acha que ele está com alguém? Putz, sei lá, homem sempre tá comendo alguém né? Você acha que ele está com alguém? do jeito que ele gostava de você? Claro que não!
Chega, chega. Preciso me acalmar. Pra que isso? Se ele estiver com alguém agora, e daí? Terminamos não terminamos? Ele e eu não temos nada a ver, certo? Decidimos que era melhor assim, certo? Eu não tava bem com ele e nem ele comigo, certo? Porque era bom e tal. Aliás, meu Deus, como era bom. Mas não era bom pra ficar junto, certo? Então pronto. Chega. Adulta, adulta. Qual o problema se ele estiver agora, justamente agora, lambendo a virilhazinha de alguma desgraçada? Qual o problema? Ok, eu posso morrer. Eu definitivamente posso morrer. Chega, vou acabar com essa palhaçada agora mesmo.
Tomo banho, me visto, pego a bolsa, entro no carro. Considerando que ele não mora nessa cidade, não sei exatamente o que eu pretendo com isso. Mas me faz bem enganar o cérebro e fazer de conta que estou indo atrás da verdade. Na verdade vou só na casa de outro, preciso fazer qualquer coisa que não seja sofrer, mas não consigo. O outro não conhece Black Swan, não ri da história da Zuleide, não me aperta o braço.
Volto pra casa, destruída. Sinto tanto amor dentro de mim que posso explodir e bolhas de corações vermelhas atingiriam o Japão. Quase não consigo respirar. Chega, chega. Ligo pra ele. Ele não atende. Ligo de novo. Ele atende falando baixinho. Você está com alguém? Estou. Desligamos. Pronto, agora eu já sei. Depois de um final de semana inteiro de palpitacões, descargas de adrenalina, músicas, textos, amigos, danças, gritos, sensações, assuntos, choros, dores, vida. Agora eu já sei.
O que eu nunca vou saber é porque faço tudo isso comigo só porque tenho tanto pavor do tédio. Era só isso o que eu precisava saber.

tati bernardi
Sabe aquele tipo de coisa gostosa de se fazer, como ler alguma coisa boa que te deixa com um sorriso alegre e mostra todos os dentes de felicidade?

Aquela coisa brega tipo romance água com açúcar, ou algo muito sério, que te ensine algo.
Tem também aquele filme que a gente assiste e fica imaginando a vida daquele jeito. Ou o comercial de margarina, com a família feliz.
Tem também aquele elogio todo bom, daquela pessoa toda séria que você nunca imaginou que iria um dia falar de você e pior, falar bem.
Sabe aquele dia com as amigas, conversa fiada e comida boa?
Ou deitar na cama depois de um dia longo?
Ou ir ao banheiro quando se esta apertada, esperando liberar o banheiro e quando você começa a fazer xixi parece que não para mais, e o alivio é imediato?
E carinho de mãe quando você só quer colo, abraço de pai quando você faz aquela cagada e ele te olha e em silêncio te diz, “vem cá, ta tudo bem!”
Tirar um dia da preguiça, e praticar o ócio e nem ficar culpada. Passar o dia de domingo na cama, de pijama vendo tudo que tem na TV e dar risada com o Panico.
Fazer comida, e depois alguém falar que estava divino.
Chegar em casa e descobrir que seu prato predileto foi feito.
Receber aquele sorriso gostoso e sincero de criança.
Deitar pra dormir enquanto a chuva cai do lado de fora.
Tirar dez em uma prova ou quem sabe ganhar um presente de surpresa seguido de flores, ou comer uma caixa de chocolate e nada de culpa, afinal você merece.
Sentir cheiro de calçada molhada no verão e ter a sensação de passado, de voltar pra rua de casa, aquela que eu pulava amarelinha.
Rever amigos antigos, aqueles que a gente sente falta dia sim e dia tbm.
Mas nada se compara a sensação de ser amada e amar alguém.
Ou aquele sentimento de saudade, essa saudade gostosa, que dói um pouquinho, mas que você sabe que logo logo vai passar.
Aquele abraço de quem a gente ama, aquele que você se esconde dentro dele.
O olhar de compreensão, de quem te entende, sem ao menos entender nada. É a segurança que te proporciona, o carinho que demonstra, e a maneira que te ama.
Aqueles planos pra vida inteira, sem ao menos saber se terão a vida inteira. Aquele beijo demorado, sem esperar nada, mas recebendo tudo.Aquele amor de alma, que se divide cada sorriso e segura cada lágrima.
Enfim, essa paixão gostosa, esse amor sincero, essa coisa toda que me deixa meio brega, inteira, completa e com o sorriso de comercial de creme dental.
Sabe aquela sensação gostosa que comecei a descrever? É igual a ter borboletas da barriga...
Como disse Coco chanel " Uma mulher precisa de duas coisas na vida: Um vestido preto e um homem que a ame..."
É tão bom ter os dois!!!
Se você não sabe, experimenta amar, faz bem!

Escrito por Sinceras desculpas

TPM

As vezes eu me faco de desentendida...

40 anos...onde esta a tal Felicidade?

A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado,
Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 40 e sua vizinhança.
Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 40, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado a bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com a cara.
Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos as titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 40, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptas a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.
Quem nao sonhou com algo impossivel de acontecer...
Me fiz em mil pedaços

Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia.
Como um anjo caído,fiz questão de esquecer
que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira.
Mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo.
Já não me preocupo se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.
LA VIE EN ROSE

Eu juro!
Eu não disse nada, mas ela ouviu da minha boca um apaixonadíssimo poema de amor.
Abriu os braços e se entregou de corpo e alma.
Eu?
Fiquei sem ação.
Apenas havia feito um elogio para o sol que se punha lindíssimo no horizonte do mar.
Minha poética rotina, expliquei pra ela.
Ela?
Trancou-se no quarto e engoliu 45 Prozacs com 1 litro de Absolut...
Ao som de "La Vie En Rose", com a Edith Piaf.
Pensei:
Meu Deus! o que tem a ver o pôr-do-sol com a paixão dos suicidas?

TõeRoberto
Sou feita de mel e de veneno. Posso ser muito humana e muito bicho também. Me morde e eu te COMO.
Os ventos que as vezes tiram

algo que amamos, são os
mesmos que trazem algo que
aprendemos a amar...
Por isso não devemos chorar
pelo que nos foi tirado e sim,
aprender a amar o que nos foi
dado.Pois tudo aquilo que é
realmente nosso, nunca se vai
para sempre...


Bob Marley
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
É, o tempo é uma coisa relativa

Se hoje fosse ontem, amanhã seria hoje
De qualquer forma eu to tranquila
Do jeito que tá que tá bom
Como dizia o síndico
Vai saber o que o gorila pensa
Pedi minhas contas, viajei e caí no mundão
Vou ver o mundo tendo o mundo como anfitrião
Florestas, rios, cidades e litorais
Pessoas, sentimentos, tradições e rituais
Colocarei meus pés em trilhas, pedras, manguezais
Fazendo o elo entre meus filhos e meus ancestrais
Serei sincera com o meu verdadeiro ser
Quero servir, quero ensinar, eu vim pra aprender
Me sinto em casa em qualquer lugar
Sou viajante
Sou uma parte do todo
Num sonho eu era como o vento e podia voar
Voei pra ver as maravilhas de cada lugar
Dancei com os índios, mergulhei entre os corais
Troquei idéia com um coroa que era demais
Vi dreadlocks e confetes bailando no ar
E três amigas se abraçavam de se transbordar
Agradecida, aplaudi o pôr-do-sol
Por onde for terei seu fogo como o meu farol
É mundão
Unifiquei meu corpo ao teu
E já não existe mais so "eu"

"Não quer ver malucos?!....quebre os espelhos...."...

Troca de guarda e chá das 5? Dê um tempo na tradição e conheça o bairro de Camden Town, onde está a maior concentração de artistas, punks, pubs e brechós por metro quadrado da capital inglesa.
A primeira coisa a fazer quando chegar em Camden Town é visitar os mercados de rua. Comece pelo famoso Stables, que reúne 450 pontos divididos em lojas, restaurantes, bares e clubes. Eles formam um dos lugares mais ecléticos da capital. Por ali, os visitantes encontram moda punk, estúdios de tatuagem e piercings, equipamentos de segunda mão, sebos, lojas de vinil e várias barraquinhas.

CYBERDOG: Atencao Especial pra essa Loja!!!
É uma rave ou uma loja? É bem provável que você se pergunte isso na hora em que entrar na Cyberdog. Afinal, há roupas plastificadas e que brilham no escurode um lado e DJ tocando techno de outro. Para não falar nos vededores, que dançam quase aluciandos entre um atendimento e o próximo. “Mesmo se não compram nada, a experiência já é um tanto divertida”.

Não...


Eu não resisti ao ataque de turista boba e tirei foto da foto da Amy!
(Pub em Londres decorado com quadros e fotos autografádos de bandas, artistas e tudo mais....)
O Pub é em Camden Town.

                                  Was just amazing!!!! And definitely the city I loved most!!!

Longe de casa...

Agora que tive um tempo pra escrever alguma coisita no meu blog....depois que cheguei em Londres(5/12/2010) nao tive como parar...muita novidade, muita coisa boa pra viver!!!. Como estava precisando mudar de ares, curtir novas emocoes, conhecer novos lugares, novas pessoas, aprender outras linguas e viver em outra cultura... tudo isso pura e simplesmente para dar mais valor a minha vida no meu pais, na minha cidade, com meus amores...
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